Entre os dias 27 e 30 de janeiro, o Centro de Estudos e Formação do Sumaré, no Rio de Janeiro (RJ), foi palco do 34º Curso para os Bispos do Brasil, um evento já consolidado no calendário eclesial do país. Com o tema “O querigma e os desafios pastorais como fonte de esperança”, o encontro reuniu 80 bispos de diversas regiões, proporcionando momentos de reflexão, partilha e aprofundamento teológico.
Do Paraná, participaram nove bispos: O arcebispo de Londrina e presidente da CNBB Sul 2, dom Geremias Steinmetz; o bispo de Guarapuava e vice-presidente da CNBB Sul 2, dom Amilton Manoel da Silva; o bispo de Paranavaí e secretário da CNBB Sul 2, dom Mário Spaki; o arcebispo de Cascavel, dom José Mário Scalon Angonese; o bispo de Apucarana, dom Carlos José de Oliveira; o bispo de Cornélio Procópio, dom Marcos José dos Santos; o bispo de União da Vitória, dom Walter Jorge Pinto; o bispo de Umuarama, dom João Mamede Filho; e o bispo de Foz do Iguaçu, dom Sergio de Deus Borges.
Na abertura do curso, o cardeal dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, destacou a importância do evento como um espaço privilegiado para a reflexão, o discernimento e a comunhão entre os sucessores dos apóstolos. Segundo ele, o tema deste ano convida os bispos a retomar o essencial da missão evangelizadora: proclamar a Boa Nova de Jesus Cristo com vigor e fidelidade. O cardeal também ressaltou que as reflexões se fundamentam em três grandes eixos: os dados preliminares do Censo 2022 sobre religião no Brasil, a celebração dos 1.700 anos do Concílio de Niceia e os desafios pastorais contemporâneos.
Ao longo da programação, os bispos participaram de dez conferências, celebrações diárias da Eucaristia, momentos de convivência fraterna e um passeio cultural. Entre os conferencistas, destacaram-se o cardeal Victor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé; dom Rino Fisichella, Pró-Prefeito do Dicastério para a Evangelização; e dom Richard W. Smith, arcebispo de Edmonton, Canadá.
Avaliação dos Bispos do Paraná
Alguns dos bispos do Paraná que participaram do curso fizeram uma avaliação na qual destacaram a riqueza das reflexões e a importância do Kerigma como centro da evangelização.
Dom Geremias Steinmetz ressaltou que o encontro desafiou os participantes a repensar o modo de evangelizar e a renovar o anúncio do essencial da fé cristã: “As reflexões estão sendo ótimas, a gente está sendo desafiado a repensar também o nosso modo de evangelizar, mas sobretudo a capacidade que devemos ter de transmitir sempre o Kerigma da nossa fé. Poderíamos dizer que o Kerigma são aquelas razões que nós vemos em Jesus Cristo que realmente nos apaixonam, pelas quais vale a pena viver”.
Dom Amilton Manoel da Silva destacou a relevância do Concílio de Niceia, cuja celebração de 1.700 anos foi tema do curso, e a análise do Censo 2022, que apontou o crescimento dos chamados “desigrejados”. Ele reforçou a necessidade de um anúncio pastoral renovado: “Não há um decréscimo da Igreja Católica e nem um crescimento das igrejas evangélicas, mas um crescimento dos chamados sem religião e dos ritos afrodescendentes. Isso permeou momentos de reflexão profunda, saídas pastorais, bem como inquietações que permanecem”.
Dom Mário Spaki enfatizou que o Kerigma deve ser sempre a prioridade na missão da Igreja, acima das atividades administrativas ou reuniões: “Nós temos muitas reuniões e encontros para serem realizados nas dioceses. Isso vale para bispos, padres, religiosos e leigos, mas é preciso privilegiar o encontro pessoal com as pessoas e anunciar de uma forma simples, direta e adaptada o Kerigma do amor de Deus”.
Dom Marcos José elogiou a atualidade dos temas abordados e a reflexão sobre os desafios da evangelização no Brasil: “Uma temática muito atual, centrada no Kerigma, que é o anúncio cristão. Tivemos uma leitura a partir do Censo Demográfico 2022 e uma reflexão sobre o impacto do Kerigma na nossa prática pastoral. Além disso, o curso proporcionou momentos de partilha e convivência fraterna entre os bispos”.
Dom Walter Jorge, que participou do curso pela primeira vez, afirmou que a experiência foi enriquecedora e motivadora: “Os desafios para evangelização hoje são estímulos para a esperança. O Kerigma nos mostra que esse núcleo da mensagem cristã vem responder aos desafios para evangelizar num mundo tão plural. Voltar ao Kerigma, voltar ao núcleo fundamental da fé, é isso que nos tem estimulado a dar razão da nossa esperança”.
Karina de Carvalho Nadal – Jornalista da CNBB
Fotos: Arquidiocese do Rio de Janeiro