O que é um Jubileu?
Na Bíblia, jubileu era um tempo da graça de Deus, quer dizer, uma ocasião para experimentar e fazer aquilo que Deus faz: perdoar as dívidas, como Ele nos perdoa os pecados, de modo indulgente; libertar os cativos, os escravos, como Ele nos liberta da escravidão do demônio por meio da sua ação salvadora. Assim, de 50 em 50 anos, os judeus que realmente temiam, quer dizer, que respeitavam o Senhor, cumpriam o que está descrito em Lv 25,11-13; fazendo com que o júbilo, ou seja, as alegrias destas ações misericordiosas fossem experimentadas pelos que sofriam. “Assim, era possível experimentar a misericórdia do Senhor através da misericórdia dos homens”, como lembrou o Papa Francisco.
Quando Jesus veio entre nós, Ele disse em Lc 4, 18-19, que tinha vindo para “proclamar o ano da graça do Senhor”. Assim, podemos entender que Jesus é o centro do Jubileu que o Pai preparou para nós, pois nele a humanidade experimenta de modo pleno a misericórdia de Deus.
Ao vivenciar de 25 em 25 anos um Jubileu, a Igreja Católica deseja reavivar a compreensão e a experiência da misericórdia do Senhor para com todos nós, chamando-nos a uma maior confiança e a uma maior entrega ao seu amor misericordioso, e por meio da conversão e da prática da misericórdia entre nós, construir um mundo de esperança.
Por que um Jubileu da Esperança?
Ao escolher a virtude teologal da esperança, o Papa Francisco deseja fazer com que a vivência do Jubileu de 2025 tenha incidência, quer dizer, esteja em sintonia com o nosso tempo, tão marcado pela desesperança frente às situações de guerra, de violências múltiplas, de corrupção por parte daqueles que foram escolhidos para ajudar a vida do povo a ser melhor, de vazio existencial provocado por escolhas errôneas tais como o uso de drogas, do sexo sem amor comprometido, do dinheiro acima de tudo, e de tantas outras ações que machucam a esperança no amanhã da vida.
Como virtude teologal, ou seja, como graça dada pelo próprio Deus para esperarmos n’Ele, o Papa quer ajudar os cristãos que viverão o Jubileu 2025, a renovarem a certeza que nos leva a comprovar que os que esperam no Senhor, renovam as suas forças, andam e não se cansam (cf. Is 40,31). Ele deseja nos motivar de uma forma experiencial, ou seja, que experimenta realmente e não apenas com belas palavras, a esperar em Deus para além das aparências e do barulho do mal sobre a terra, a saber que a “esperança não decepciona” (Rm 5,5), pois a vida é cuidada pelo próprio Deus, o Pai, Criador e Senhor de todas as coisas, que ama infinitamente o ser humano e tudo o que fez, e que não deixará que a sua obra termine no caos, na desilusão e no nada. O Papa deseja que nos apropriemos da certeza de que o reino de Deus cresce na terra e que triunfará, porque é o próprio Deus que lhe dá crescimento, como uma semente semeada no campo, cujo mistério do seu crescimento ultrapassa a ação e a compreensão do homem que a semeou (Cf. Mc 4, 26-28).
Qual a relação das Indulgências com o Jubileu?
O Catecismo da Igreja Católica ensina “que o pecado tem uma dupla consequência. O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, consequentemente, nos torna incapazes da vida eterna; esta privação se chama ‘pena eterna’ do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado purgatório. Esta purificação liberta da chamada ‘pena temporal’ do pecado. Essas duas penas não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas antes como uma consequência da própria natureza do pecado” (Cf. CIgC 1472). Na doutrina católica “indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel bem-disposto obtém em certas condições determinadas, pela intervenção da Igreja que, como dispensadora da redenção, distribui e aplica por sua autoridade o tesouro das satisfações de Cristo e dos santos” (CIgC 1471). Para recebê-las deverá sempre haver o sincero desejo de se desapegar do pecado e cumprir as condições que a Igreja prescreve, como se pode ler em outros artigos deste número do nosso jornal, “Estrela Matutina”.
Peregrinos da Esperança
“Não temos neste mundo cidade permanente, mas estamos à espera daquela que há de vir, a Jerusalém Celeste, que é livre e é nossa mãe” (Cf. Hb 13,14; Gl 4,26).
Como um sinal claro de Esperança, o Papa Francisco nos convida a peregrinar durante o Jubileu, pois a peregrinação nos recorda que somos passageiros neste mundo e que não devemos apegar o nosso coração a ele, mas fazer da vida uma alegre e esperançosa peregrinação rumo ao Reino definitivo, nossa morada eterna junto do Pai do Céu.
As peregrinações poderão acontecer dentro mesmo da nossa Diocese, dirigindo-nos, em especial à uma das cinco igrejas indulgenciadas e a outros locais de indulgência, previamente estabelecidos, que todos podem conferir na programação para o Ano Jubilar de 2025.
Tornar-se um “peregrino da Esperança” significa ser alguém que confia e espera no Senhor, apesar das lutas contra o mal e o pecado, apesar das tristezas que poderemos enfrentar ao longo do caminho e, em tudo isto, tornar-se um vencedor em Cristo Jesus.
Um santo e abençoado jubileu da esperança a todos!
Produção: Dom Walter Jorge Pinto
Bispo Diocesano