Quando a Bíblia narra o nascimento de Jesus (capítulo 2 dos Evangelhos de Mateus e Lucas), não deixa dúvidas quanto ao local (Belém), mas não diz em que dia aconteceu. Então, por que celebramos no dia 25 de dezembro?
No Hemisfério Norte, onde Jesus nasceu, a partir do final de junho, os dias começam a ficar mais curtos, pois o sol, a cada dia, nasce um pouco mais tarde e se põe um pouco mais cedo. É como se as trevas espremessem a luz dos dois lados, trazendo uma perspectiva desesperadora, pois a tendência é o fim da luz, as trevas eternas. Acontece, porém, que no dia 22 ou 23 de Dezembro esse processo estaciona, e, no dia 25, o sol nasce, mais ou menos, um minuto mais cedo e se põe um minuto mais tarde que no dia anterior. Parece pouco, e é! Se fosse um fato isolado, de nada adiantaria, mas, o que o torna importante é o fato de ser o início de uma nova tendência, pois, dia após dia, a luminosidade vai aumentando, fazendo com que a perspectiva de desespero se transforme em esperança.
Já antes de Cristo as pessoas haviam percebido isso, e celebravam o dia do “Sol Invicto”, mas a expansão do Cristianismo e o aprofundamento da fé fez com que o livro da Criação fosse lido à luz da Revelação, vendo no sol uma imagem de Cristo, que vence as trevas.
Por isso, celebrar o Natal é perceber que, quando Cristo nasce, o mal começa a encolher, a retroceder: o pecador começa a se arrepender, o doente começa a se recuperar, o casal à beira da separação começa a se entender, aquele que só reclama da vida começa a apreciá-la. Ainda haverá muito a ser feito, pois a solução não vem num piscar de olhos, mas só de se saber que se está no rumo certo, tudo fica mais fácil. Por isso, querido leitor, se houver alguma área na sua vida na qual as trevas estão crescendo e esmagando a luz, eu desejo que esse Natal seja um ponto de reviravolta, que transforme o desespero em esperança, o medo em alegria, as trevas em luz.
A beleza desse simbolismo do dia 25 de dezembro chega a tornar insignificante a dúvida sobre Cristo ter realmente nascido nesse dia. O que importa é saber que, com a vinda dEle, tudo é transformado.
Feliz Natal!
Pe. Emílio Bortolini Neto