A catequese de inspiração catecumenal leva a pessoa a olhar o mundo com compaixão, de coração aberto às necessidades do próximo. A dimensão comunitária entre os cristãos, os gestos e palavras, precisam ser transformados em prática e partilha. Essa era a forma de agir de Jesus, que sempre pregava a unidade e a convivência fraterna. E essa prática, a exemplo do Mestre, deve estar em nossa catequese.
A sociedade valoriza hoje o individualismo, colocando em risco a vida humana em toda a sua forma. O Papa Francisco na Carta Encíclica Laudato Si, escreve: “a própria vida humana é um dom que deve ser protegida de várias formas de degradação. Toda pretensão de cuidar e melhorar o mundo requer mudanças profundas”. (Laudato Si, n. 05, p. 11). O Papa quer dizer que devemos seguir e ser exemplo de uma vida cristã autêntica, mudando nosso estilo de vida, fazendo ainda com que as estruturas de poder estejam empenhadas na transformação evangélica da realidade.
Deus nos fez doadores de dons, onde cada um partilha a riqueza recebida para melhorar a sociedade, respeitando todos os seres humanos nos seus direitos, deveres, na sua dignidade, convivendo assim como irmãos.
Ao falarmos de partilha vem à mente a palavra solidariedade. Essa palavra sempre está na “moda”, como forma das pessoas aliviarem sua consciência em relação a sociedade que sofre com a fome, a doença e o abandono nas sarjetas da vida. Mas solidariedade é mais do que generosidade, “significa muito mais do que atos esporádicos de generosidade, supõe uma mentalidade que pense em termos de comunidade, de prioridade da vida de todos sobre a apropriação de bens por parte de alguns. Isso significa solidariedade” (Papa Francisco, Audiência Geral de 02/09/2020).
A solidariedade nos permite ter uma comunidade guiada pela fé, onde tudo que existe deve estar em função do ser humano. Os bens acumulados na terra estão nas mãos de alguns poucos, e precisam ser disponibilizados a todos. Através da solidariedade podemos evitar a “síndrome da Torre de Babel”, onde pensamos em subir cada vez mais alto sem pesar no outro que também deseja subir. O pensamento da sociedade se resume na frase de Francisco: “Construímos torres e arranha-céus, mas destruímos a comunidade. Unificamos edifícios e línguas, mas mortificamos a riqueza cultural. Queremos ser senhores da Terra, mas arruinamos a biodiversidade e o equilíbrio ecológico. ” (Papa Francisco, Audiência Geral de 02/09/2020.
Devemos fazer da catequese uma atividade evangélica transformadora. Nossa prática e partilha deve ser exemplo corajoso de mudança da realidade da comunidade onde o catequisando e o catequista estão inseridos. Para isso devemos imitar as atitudes de Jesus, que influenciaram na mudança de postura do povo de seu tempo. Dom Paulo Peixoto nos diz que “Sem uma transformação corajosa e radical do aqui e agora, principalmente em relação à violência, à casa comum, ao egoísmo acumulador, teremos um futuro incerto e preocupante. ” (Dom Paulo Peixoto no texto Partilhar a mesa).
Para nossa Reflexão: (Luc. 16, 19-31). Após refletir, responda as questões:
Como a sociedade pensa e vê as necessidades do próximo?
Como a Catequese pode transformar a realidade egoísta do mundo de hoje?
Texto: Célio Reginaldo Calikoski
Coordenador da Catequese
Fontes: Sites Vatican News; e, Catequisar