É com a chegada de uma criança na família que o subsistema conjugal, formado por marido e mulher, precisa abrir-se e criar espaço para o novo membro, de tal forma que não acarrete prejuízos em sua relação conjugal. É justamente na transição para o subsistema parental que ocorrem as mais profundas mudanças no funcionamento da família.
Com o nascimento do primeiro filho, muitas mudanças ocorrem, a começar com o tempo, o que antes era para os interesses pessoais e para o cônjuge, agora é voltado para as necessidades do bebê, resultando na perda da exclusividade da relação conjugal.
Sobre essa questão podemos relacionar muitas dificuldades e crises das quais a família passa, no entanto essas podem ser melhor superadas com exercício de flexibilidade e adaptação às mudanças. Contudo, para muitas famílias ainda assim esse processo pode ser doloroso e gerador de sofrimento.
Nessa transição da conjugalidade para a parentalidade, destaca-se algumas exigências e atribuições, aprendizagens essas relacionadas às novas funções parentais, tais como:
- Divisão de tarefas domésticas: os cuidados com o bebê exigem tempo e as tarefas precisam ser redefinidas para que não sobrecarreguem somente uma das partes.
- Cuidados com o bebê: o aleitamento materno é extremamente importante para a criança, bem como o vínculo entre a mãe e o bebê. Por isso a importância de uma rede de apoio para que esses cuidados ocorram, e o suporte da família e do pai são cruciais.
- Diminuição da satisfação conjugal, que é gerado pela diminuição da intimidade do casal, principalmente pré e pós-parto, onde o casal precisa estar para os cuidados da criança.
Poderíamos então estar nos perguntando, mas o que pode tornar essas crises superáveis dentro do sistema familiar e conjugal?
Foi realizado um estudo por Menezes e Lopes (2007), onde contatou que os casais que apresentavam maior envolvimento emocional antes do nascimento do bebê experimentavam o aumento de companheirismo e união na relação conjugal. Já aqueles casais que tinham um distanciamento emocional, (quando no relacionamento há a falta de intimidade, de confiança, prazer mútuo, carinho, ambos acabam se distanciando, apresentaram maior dificuldade na manutenção da conjugalidade e mais suscetíveis às crises de maior intensidade.
Os desafios são muitos, mais observa-se que quando o casal tende a ser mais flexível, responsável frente às suas novas atribuições, tem boa qualidade da relação afetiva; a família tende a superar melhor as crises.
Geovana Salete Cordeiro Kujiv
Psicóloga Clínica
CRP 08/19042
Referências:
MENEZES, C.C.; LOPES, R.C.S.L.
Relação Conjugal na transição para a parentalidade:
gestação até dezoito meses do bebê.
Psico-USF, Itatiba, v. 12, n. 1, p. 89-93, 2007.
http://dx.doi.org/10.17058/barbaroi.v0i48.6942