A palavra sínodo não é muito comum no nosso dia a dia, mas o seu significado é simples, pois fala de um caminhar juntos na Igreja ou ainda, de “um caminho que se faz juntos”.
Desde os seus inícios a Igreja usou a palavra sínodo para designar os eventos por meio dos quais ela deu passos decisivos em sua história, tais como os concílios, as grandes assembleias ou reuniões, sejam em nível local, como as dioceses ou mesmo no âmbito universal, com a participação de grande número de cristãos. Por meio dos sínodos a igreja reúne seus membros para ouvirem juntos o que o Espírito de Deus diz a ela acerca de importantes temas, tais como família, juventude, evangelização, entre tantos outros que devem ser abordados segundo a necessidade da época, propiciando assim o necessário discernimento para viver na vontade de Deus e responder aos desafios de cada tempo.
Se Sínodo significa caminhar juntos, sinodalidade significa a corresponsabilidade de todos os batizados na Igreja, Povo de Deus, sua participação ativa neste caminhar juntos e na consequente tomada de decisão.
Foi com o objetivo de recuperar melhor o sentido da sinodalidade na Igreja que o Papa Francisco propôs o atual Sínodo, cujo tema é a própria sinodalidade. Seu desejo é que a Igreja se entenda como sinodal, que recupere o seu modo primitivo de viver, onde todos os que eram batizados se sentiam responsáveis pela Igreja, por escutar o que o Espírito Santo estava lhe dizendo, discernindo juntos os caminhos da evangelização e se corresponsabilizando pelos rumos da mesma.
Assim, mais do que produzir um documento o que o Papa deseja com este Sínodo é despertar para este importante processo de ouvir, discernir e caminhar juntos na Igreja, enfrentando juntos as questões mais urgentes de cada tempo.
Para o Papa, as pessoas que foram batizadas não podem mais viver como se fossem meras espectadoras no processo da vivência e das responsabilidades inerentes à fé na qual foram batizadas. A esperança dele “é ver todo o povo de Deus envolvido nas etapas de escuta e também empenhado em abraçar a sinodalidade não como um evento passageiro, mas como uma forma de ser Igreja”.
Para a realização do atual Sínodo dos Bispos, cujo tema é a sinodalidade (“Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”), o Papa deseja que um maior número possível de cristãos seja ouvido, mesmo os que estão afastados. Para favorecer isto, o Sínodo está sendo organizado em etapas. A primeira é a Fase Diocesana do Sínodo. Ela foi aberta pelo Papa nos dias 09 e 10 de outubro deste ano e vai até março de 2022.
Durante este tempo, as dioceses do mundo todo deverão realizar um processo de escuta e discernimento que envolva o maior número de batizados. As paróquias receberão um questionário e deverão elaborar um caminho para as pessoas poderem respondê-lo. A principal questão se refere a como tem se dado o processo de caminhar juntos (a sinodalidade) em nossa Igreja, o que tem ou não funcionado. Deveremos avaliar isto em nossa comunidade, depois em nossa paróquia e, por fim, em nossa Diocese.
A segunda Fase será a Continental, que reunirá a contribuição das dioceses de cada continente, e a última Fase, em outubro de 2023 será a universal, com o Sínodo dos Bispos em Roma, o qual trabalhará com as contribuições do mundo inteiro.
De acordo com o Instrumentum Vade-Mecum (uma espécie de manual de instruções), para o processo do Sínodo 2023, a escuta é o método; o discernimento é o objetivo; e a participação é o caminho.
Diante de uma sociedade tão dividida, o grande desafio que vamos ter que enfrentar é a capacidade do diálogo. No entanto, a esperança é que a sinodalidade torne-se, justamente para este cenário, um verdadeiro sinal profético a revelar que é possível caminhar juntos e superar juntos os problemas. Para o Papa Francisco, «o caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio».
Dom Walter Jorge
Bispo Diocesano de União da Vitória – PR
Postagem: Setor de Comunicação
Foto Destaque: Serviço Fotográfico Vatican Media