Diante dos acontecimentos atuais que temos presenciado na humanidade e em nosso planeta, e com a consciência que a globalização nos propicia ter, hoje sabemos que somos uma única família humana, vivendo numa mesma casa comum. Podemos, com facilidade constatar que os sofrimentos de um único membro repercutem em todos os membros, bem como o crescimento de apenas um, favorece a todos. Além disso, fácil é perceber também que tudo o que fazemos em qualquer parte do planeta, repercute em todo o globo, impactando a todos. Finalmente, em conclusão a tudo isso, temos que aceitar que a vida em comunidade é o nosso destino, tanto para o bem quanto para o mal, depende de nossas opções.
Também com a fé cristã acontece algo semelhante: na dimensão comunitária ela tem um dos seus mais importantes fundamentos. Assim, na compreensão e vivência comunitária da fé, a mesma encontra sua força, bem como sua fraqueza na ausência da vida em comunidade.
O testemunho da força que a fé possui quando vivida em comunidade já estava presente no Antigo Testamento, quando vemos que Deus sempre quis chamar as pessoas para formar um povo e não apenas para viver isoladamente sua fé. O mesmo constatamos nos inícios da fé cristã, quando o Livro dos Atos dos Apóstolos relata a força que as primeiras comunidades possuíam, revelando que tinham compreendido bem os ensinamentos do próprio Jesus a respeito da vida comunitária (cf. Mt 18, 20,).
O fenômeno da urbanização tem atingido a todos, sejam os moradores das cidades, sejam os das zonas rurais, pois a internet, as mídias sociais, têm levado o modo urbano de viver a todos os espaços geográficos. Se por um lado há nisto vários pontos positivos, por outro há muitos negativos, como a desconstrução de valores culturais de populações inteiras, a fragmentação, perda do senso da verdade, do bem-comum, relativismo e tantos outros.
Sabedora da força que tem a fé quando vivida em comunidade, a Assembleia dos Bispos do Brasil propõe aos cristãos responderem aos desafios de um Brasil cada vez mais urbano com a vivência da fé em verdadeiras comunidades eclesiais missionárias. Comunidades por afinidade, por idade, em condomínios, escolas, e de muitos outros modos, como nos propõem as Diretrizes para a Ação Evangelizadora (DGAE 2019-2023) poderão ser respostas eficazes e felizes para os nossos tempos. Comunidades convictas de sua pertença à Igreja de Jesus Cristo, que se alimentem da Palavra e dos sacramentos, cujos membros rezam juntos e juntos partilham a vida, se ajudam e ajudam a quem sofre, verdadeiramente conseguirão oferecer estímulo e alegria aos seus membros e atrairão a muitos que andam perplexos, procurando respostas que satisfaçam sua sede de viver uma vida de qualidade.
Assim, ao desafio de um Brasil cada vez mais urbano responderemos com as Comunidades Eclesiais Missionárias.
Dom Walter Jorge Pinto
Bispo Diocesano