Todo ano, a Diocese de União da Vitória realiza ao clero (diáconos, padres e bispo) a chamada ‘Semana Teológica’, que consiste em três dia de estudos sobre algum tema dentro do campo da Teologia.
Neste ano, em alusão aos ‘500 anos da Reforma Protestante’, o estudo foi direcionado ao Ecumenismo, que trata do diálogo e da busca de maior comunhão entre as Igrejas Cristãs, e teve como tema: “Do Conflito à Comunhão”. Além do clero diocesano católico e seminaristas do curso de Teologia, participaram da Semana Teológica, o pastor Marino Black e a pastora Cristiane Rubert, ambos da Paróquia Luterana Vale do Iguaçú, de Porto União – SC.
Realizada nos dias 28, 29 e 30 de junho, no salão da Matriz Nossa Senhora de Fátima, em União da Vitória, a ‘Semana’ foi organizada pelo padre Mário Fernando Glaab, assessor diocesano para assuntos do Ecumenismo, o qual trouxe dois assessores para conduzirem as reflexões do encontro: Padre Érico Hammes, da PUC – RS e o pastor luterano, Leandro Hofstätter, de Joinville – SC. Ambos expuseram as visões do acontecimento da Reforma promovida pelo monge agostiniano Martinho Lutero, em 1517, que saiu da Igreja Católica Apostólica Romana, ao rebater posturas da Igreja na época, dando origem assim à comunidade cristã chamada, Igreja Luterana.
Explicado pelo assessor padre Érico, e exposto no Documento chamado ‘Do Conflito à Comunhão’, elaborado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pela Federação Luterana Mundial, a comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante não visa comemorar a divisão dos cristãos, mas sim celebrar juntos o evento que trouxe luzes e reflexão para um melhor crescimento da caminhada da Igreja de Cristo. “Luteranos e Católicos hoje se alegram com o crescimento da compreensão, da cooperação e do respeito mútuos. Reconhecem o fato de que o que une é mais do que o que separa: sobretudo, fé comum no Deus Triuno e a revelação em Jesus Cristo, assim como o reconhecimento das verdades básicas da doutrina da Justificação.” (Documento).
Seguindo o texto do Documento, o Clero Diocesano e pastores da Igreja Luterana, estudaram assuntos que na história geraram conflitos e que os distinguem em interpretações, como a: Justificação; Eucaristia, Ministério; Escritura; e Tradição. Contudo segundo padre Érico, à partir dos anos 60 a Igreja Católica começou a se preocupar mais com o Ecumenismo, buscando um diálogo com os outros cristãos. “Foi à partir do Concílio Vaticano II, com a visão do papa João XXIII de nós olharmos aquilo que nos une antes de olharmos aquilo que nos separa é que nós começamos a entrar no movimento ecumênico”, disse Hammes.
Para expressar essa unidade cristã, durante a Semana Teológica, foi realizada também uma celebração ecumênica na Capela do Seminário Diocesano, a qual ficou lotada com fiéis da comunidade católica, luterana e de outras denominações cristãs. Dirigida pelo padre Érico e pelo pastor Leandro, a cerimônia seguiu o rito usado no encontro ecumênico realizado em 31 de outubro de 2016, na Catedral de Lund, na Suécia, onde o papa Francisco participou junto com líderes Luteranos da Federação Luterana Mundial, que agrupa 145 igrejas.
Ao final da celebração Padre Mário Glaab manifestou sua gratidão a Deus pelo momento marcante para a Diocese que foi tal celebração. “Estou muito feliz mesmo, por termos realizado esse ato que quebra barreiras existente entre nós, nos ajuda a romper os medos bobos uns dos outros. Para mim, esta celebração foi muito comovente”, expressou alegre.
Para o pastor Leandro, a Semana Teológica e a celebração ecumênica foi um momento histórico. “Nós vivemos um momento único aqui nesta semana. De alguma forma somos testemunhas vivas de que o Espírito Santo existe, pois foi ele quem nos reuniu, para nós católicos e luteranos olharmos no olho um do outro, sentarmos, conversar e estudarmos juntos. Nós temos muito mais séculos de unidade do que de separação. Só isso faz nós termos construído um momento único”, destacou o pastor.
Para o pastor o momento foi um passo importante, mas ainda é preciso buscar unir todos os cristãos. “Reunimos aqui católicos e luteranos, mas precisamos caminhar ao encontro das outras denominações cristãs. Estamos em pecado ainda nesta divisão, quem sabe pela soberba, pelo orgulho. E Cristo orou ao Pai para que sejamos todos Um”, inteirou Leandro.
Nos trabalhos do dia a dia, o pastor destaca que alguns caminhos ajudam os cristãos a caminharem juntos, mesmo pensando alguns pontos diferentes. “As lutas pela solidariedade, pelo meio ambiente, pela justiça e pela paz são agendas que nos ajudam a se encontrar. Quando eu era pequeno lembro que quando minha mãe precisava emprestar sal da vizinha, ela não se preocupava se a vizinha era católica ou luterana. Então, coisas simples do dia a dia já nos aproximam”, destacou o pastor. “Precisamos abrir os braços para o outro como Jesus abriu, não olhando religião, mas a imagem de Deus que se encontra em cada rosto das pessoas que convivem conosco”, exortou ainda.
*O Slogan dos ‘500 anos da Reforma’, que diz: ‘Agora São Outros Quinhentos’, exprime o desejo de Católicos e Luteranos em iniciar uma nova caminhada de Comunhão, valorizando mais o que os une, e dialogando fraternalmente sobre questões que ainda os desunem. Esse ano jubilar visa comemorar a presença da Igreja Luterana, e ao mesmo tempo, a caminhada renovada da Igreja Católica desembocando no Concílio Vaticano II.
Texto e fotos: Pe. Marcelo S. de Lara
Assessor da Pascom
ESTUDO DA ‘SEMANA TEOLOGICA’
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CELEBRAÇÃO ECUMÊNICA
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Boa tarde
” O discípulo fiel percorre a trilha do Mestre.”
(Bittencourt Sampaio)
Antônio Rêgo
Tecnólogo em logística
Técnico em Eletrotécnica
Salvador – Bahia – Brasil