Todos nós sabemos que a comunicação se multiplicou com a chegada da internet. Desde então, muitas sãos as vozes que se fizeram ouvir de modo amplificado. Hoje, graças às redes sociais, qualquer um que queira pode se fazer escutar em suas opiniões sobre os mais diversos assuntos, mesmo não sendo especialista neles.
Em relação à Igreja Católica, também é muito bom perceber como a evangelização ganhou um novo impulso com a chegada da internet, especialmente com o uso das redes sociais, as quais permitem anunciar o Evangelho em todos os ambientes e a todas as pessoas, bastando que tenham em mãos um celular conectado. Assim, sem jamais nos esquecermos que o anúncio presencial possui uma força de atração insubstituível, podemos fazer uso das ferramentas da internet para levar a Boa Notícia de Jesus aos quatro cantos da terra.
Mas, como tudo neste mundo possui seus limites, gostaria de chamar a atenção aqui para um fato que tem preocupado bastante a nossa Igreja nestes tempos de evangelização virtual. Trata-se das divergências que têm surgido no anúncio da fé, especialmente no campo da doutrina e dos costumes, gerando uma sensação de que temos que escolher entre conteúdos por vezes muito diferentes. Nestes casos, muitos ficam se perguntando: a quem se deve ouvir?
Para termos uma direção mais segura quanto a isto, é preciso lembrar que na Igreja Católica existe o que chamamos de Magistério, ou seja, uma instância desejada pelo próprio Cristo, que é a última responsável por zelar pela fidelidade à autêntica doutrina e pelo correto conteúdo no anúncio da evangelização. Este Magistério é formado pelo Colégio Universal dos Bispos unidos ao Papa.
Não se trata, portanto, de opiniões pessoais de um bispo ou de um cardeal, ou mesmo da opinião pessoal do Papa sobre algum assunto da vida, como sua preferência por um time de futebol, mas daquilo que é ensinado pelo Papa e pelo Colégio dos Bispos, em matéria de fé e de costumes e que, por isso mesmo, tem valor normativo para toda a Igreja.
O sentido da fé (sensus fidei) dos fiéis, que participam pelo Batismo da missão de Cristo, é aqui também levado em conta, devendo o Magistério considerá-lo sempre como fundamental para saber por onde o Espírito Santo quer conduzir a sua Igreja. Haverá mesmo, momentos em que o Magistério, ouvindo os fiéis, deverá esclarecer ou reformular alguma proposição que não ficou bem compreendida ou que teve dificuldade na sua aceitação. No entanto, cabe ao Magistério da Igreja, a salvaguarda final, a última palavra e o ensino sobre a verdadeira doutrina católica (Sobre este assunto vale a pena ler: Santa Sé, Dicastério para a Doutrina da Fé, Comissão Teológica Internacional – O sensus fidei na vida da Igreja).
Assim, fica claro que, embora possamos ter acesso a todos os que falam por meio da internet, em matéria de fé e de costumes na Igreja Católica, só devemos levar em conta para a vivência da nossa religião, aqueles que falam o mesmo que o Magistério Católico fala, demonstrando sintonia e filial obediência. Qualquer um que fale contrariamente a ele não poderá ser seguido por um cristão católico, pois este poderá até mesmo cair em graves erros contra a fé católica, ainda que esteja pensando estar seguindo uma opinião que pareça muito santa. Hoje em dia é, sem dúvida, necessário este esclarecimento, pois não têm faltado vozes que falam supostamente em nome da Igreja, mas que não estão verdadeiramente sendo fiéis aos ensinamentos da mesma, ou seja, que não estão em comunhão verdadeira com os bispos e o Papa, com o Magistério da Igreja.
Texto: Dom Walter Jorge