Amigo internauta, visitante do site de nossa Diocese, começamos no mês de agosto na edição do Jornal da Diocese, o Estrela Matutina, algumas contribuições teológicas, filosóficas e psicológicas sobre a valorização da vida, as quais também estará sendo publicada aqui no site.
Valorização e aceitação da vida parece ser um tema tão em voga, no qual todos nós temos algum tipo de vivência e de opinião sobre ele, em contrapartida, vivemos um grande emaranhado de atitudes que desvalorizam a vida e, principalmente, geram alguns tipos de mazelas psicológicas (depressão, ansiedade) que desestabilizam a nossa trajetória existencial. “Nunca tivemos tantas possibilidades de entretenimento, mas nunca nos sentimos tão tristes e desorientados”.
A vida é um dom, aliás é o maior dom que a gratuidade divina nos presenteou. A constatação desse fato, modifica toda a nossa percepção sobre o viver e, aliás, sobre o viver bem. Esse aspecto foi magistralmente proposto por Cristo: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10). Olhar para a vida de Jesus, é descortinar a caminhada existencial, Ele sofreu, mas transformou o sofrer em gérmen de vida nova. A vida humana é uma composição de instantes felizes, alegres e festivos, com instantes sofredores, tristes e de muitas perdas. O importante é encontrar significatividade em cada um desses momentos.
Uma das questões básicas que a psicologia nos ensina na valorização da vida, é o processo de aceitação. Aceitar é uma atitude de compreender que tem coisas em nossa vida que não temos controle, e sim, necessitamos elaborar, trabalhar; em outras palavras, aprender a lidar com elas.
A aceitação não é uma atitude de passividade perante a vida, ou seja, de deixar as coisas como estão e simplesmente aceita-las; é modificar nossa forma de olhar a vida, e perceber que algumas coisas dependem de nós, outras coisas, dependem de outras pessoas. O que depende de nós, faremos a devida transformação, esperamos que as outras pessoas façam as delas, e o que não pudermos mudar, temos de aceitar.
A valorização da vida está no discernimento entre o que podemos mudar e aquilo que devemos aceitar. As vezes nos revoltamos com as vicissitudes da vida e, esquecemos que elas nos vêm para que possamos crescer e sermos mais fortes. Os males afetam tanto os bons quanto os maus, assim como o sol nasce para os bons e também para os maus. Então, se fez tudo para mudar o rumo das coisas e elas não mudaram, a aceitação se faz necessária.
Como dizia uma professora que tive durante meu Curso de Psicologia, Professora Dra. Maris Stela da Luz Stelmachuk: “Aceitar não é gostar”.
Mesmo não gostando das situações, precisamos aprender o doloroso processo de aceitação, assumindo nossa responsabilidade e as consequências de nossas escolhas. Esse processo é de vital importância para uma vida significativa e plena como quer Jesus Cristo.
Encerramos esse primeiro artigo com a seguinte oração, conhecida como “Oração da Serenidade”: “Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras”.
Pensemos nisso; vivamos isso e sejamos plenos.
Continuaremos nossa reflexão no mês de setembro.
Texto: Professor e Psicólogo, Sérgio Gelchaki
CRP 08/31323