A Quaresma vai chegando ao seu final e cumpre o seu objetivo: preparar-nos para a maior de todas as festas cristãs, para aquilo que é o centro da nossa fé, a Páscoa de Jesus Cristo.
Em tempos tão sombrios, onde uma Pandemia varreu o mundo com seu sopro de morte e de medo, e atualmente, onde uma nova guerra deixa atrás de si um rastro de destruição, ceifando tantas vidas e trazendo de volta o fantasma da possibilidade de uma guerra atômica que colocaria fim à humanidade, anunciar a Páscoa de Jesus, a vitória definitiva de Deus sobre o mal e a morte, é a esperança, que, como uma âncora, nos permite o alento de podermos nos firmar em porto seguro.
Sim, a Páscoa de Jesus é o porto seguro de Deus para todos nós, pois nos traz a certeza de que a nossa confiança depositada nele não será inútil, e de que, por ela, participaremos da mesma vitória que Cristo experimentou! E assim, por mais que os acontecimentos da história nos oprimam, a luz da Ressurreição do Senhor nos aponta o rumo, mesmo em meio à noite mais densa.
Mas, como podemos participar da vitória pascal de Cristo? Como chegar a este porto seguro, que nos livra das angústias do tempo presente? A resposta está em nos deixarmos reconciliar com Deus, pois Aquele que não tinha pecado, Deus o fez pecado para que nele nós tivéssemos o perdão dos nossos próprios pecados (cf. 2Cor 5, 17-21). Então, como fez São Paulo ao povo da cidade de Corinto, hoje, nós também, como embaixadores de Cristo, fazemos eco à sua voz exortando a todos: “Deixai-vos reconciliar com Deus, caminhai em direção à vitória pascal de Cristo! ”.
Jesus morreu pelos nossos pecados, pelos pecados dos homens e mulheres de todos os tempos, mesmo daqueles que erroneamente se julgam justos e não necessitados do perdão do Pai, como o irmão mais velho do filho pródigo (cf. Lc 15, 11-32). Na verdade, todos nós, em algum momento da vida, usamos mal a nossa liberdade de filhos de Deus e andamos por caminhos, dentro ou fora de nós, que não eram os de Deus, os da santidade, do amor e da justiça. Todos nós endurecemos o coração e em algum momento da nossa vida, não ouvimos a voz do Senhor, querendo ser como Deus, vivendo segundo nossos próprios pensamentos e não nos do Senhor.
Só a Paixão de Cristo pode nos salvar; somente o seu sangue derramado na cruz pode apagar os pecados da humanidade; somente a sua gloriosa Ressurreição pode nos arrancar das mãos da morte que merecemos por nossos pecados (cf. Rm 6,3). Não existe outro nome que possamos invocar para a nossa salvação, a não ser o de Jesus Cristo, Nome sobre todo nome, perante o qual todo joelho se dobra no céu, na terra e no inferno (cf. Fl 2, 10-11). Só por meio d’Ele, o “Deus santo, forte e imortal” podemos ter acesso àquela vida eterna e feliz, vida imortal pela qual seremos plenos e verdadeiramente felizes.
Portanto, no ocaso de mais uma Quaresma, insistimos que todos se deixem reconciliar com Deus, que mudem de vida, que peçam um coração novo e um espírito decidido, como nos conclama também o salmista (cf. Sl 51, 10). E que, aqueles que ainda não buscaram o perdão de Deus por meio do Sacramento da Reconciliação (ou da Penitência ou ainda, da Confissão), o façam o quanto antes.
Que ninguém tenha receio de humilhar o orgulho que habita em todos nós, por meio da confissão dos pecados a um Ministro Sagrado, permitindo deste modo que Deus quebre a força do mal justamente por este meio que Ele mesmo quis para nós sua Igreja, e por meio desta mesma Igreja (cf. Jo 20,23; 2 Cor 5, 18-20).
É tempo de nos decidirmos por Cristo com mais empenho, é tempo de caminharmos para a Páscoa, pois já se aproximam os Aleluias pascais. Deixemo-nos reconciliar com Deus!
Feliz Páscoa para todos!
Texto de: Dom Walter Jorge Pinto
Bispo Diocesano de União da Vitória – PR