POR, Dom Walter Jorge – Bispo Diocesano de União da Vitória
Quando cheguei à Diocese de União da Vitória, e em especial à cidade de União da Vitória, fui logo impactado pela beleza e majestade do Rio Iguaçu. Estava, afinal, conhecendo o rio das famosas Cataratas do Iguaçu. À medida que o tempo foi passando nesta nova terra que me adotou e que também adotei como minha, mais fui me encantando com este lindo rio, um dos seus maiores tesouros.
Quando posso, faço caminhadas pela manhã e, várias vezes vou margeando o Rio Iguaçu, por vezes pela BR 476 em direção à Ponte do Arco ou o cruzo pela ponte Domício Escaramella. Deste modo posso ir contemplando esse rio tão importante para a manutenção da vida de todo o Paraná, e que tanto contribui com a economia deste Estado, inclusive sendo um dos responsáveis pela produção da eletricidade que muitos e muitos consomem.
Acontece que, ao longo do meu percurso, não constato somente as belezas do querido Iguaçu, mas me deparo também com uma triste ação do ser humano que, aos poucos vai acabando com a vida do nosso rio: o volume imenso de lixo jogado em todos os percursos que faço, seja na beira das estradas próximas a ele, seja já em ambas as margens. Garrafas de plástico ou de vidro, copos de plástico ou de isopor, pratos de iguais materiais, sacos plásticos e uma infinidade de outras sujeiras que simplesmente são ali jogadas e que, mais cedo ou mais tarde vão parar dentro do rio, depois de todo o dano que já causaram para a vida que existe nas suas margens. Mesmo o Parque Ambiental, um dos lugares mais bonitos (embora nem sempre bem cuidado) de União da Vitória, fica tomado pelo lixo após muitos que ali estiveram, usufruindo dele e depois indo embora.
Todos sabemos que muita contaminação já vem de outras cidades, mas, infelizmente, também aqui o Rio Iguaçu não recebe a atenção que deveríamos dar a ele, pois nossos esgotos, muitas vezes, são arremetidos dentro de seu leito sem qualquer forma de tratamento, além de metais pesados e muito, muito lixo. Assim, o presente maravilhoso que recebemos de Deus para nos alegrar, mas para também cuidar, vai perdendo, pouco a pouco sua beleza, e corre o risco de se tornar um dia, inviável.
Diante dos gritos de socorro emitidos pela Terra, a casa de toda a comunidade humana e também de todas as espécies que nela vivem; diante da imensa crise hídrica que vem se agravando, gerando também a crise energética; diante da responsabilidade que nós, os que vivemos no hoje da história desse rio milenar, temos para com ele, não está na hora de nos perguntarmos, todos, sem exceção, o que podemos e devemos fazer para a manutenção da vida do Rio Iguaçu?
Sei que já existem os que lutam por ele e que promovem ações em sua defesa, mas penso que está na hora de toda a nossa Diocese (e não só União da Vitória), se unir para cuidar melhor daquilo que é um dos nossos mais importantes patrimônios naturais. Sei que certas ações dependem de maior vontade política, mas sei também que podemos começar promovendo maior consciência, por meio de campanhas diversas; que podemos promover ações simples como mutirões populares de coleta do lixo nas margens do rio e tantas outras. O que não podemos é permitir que, em grande parte por culpa do nosso tempo, o Rio Iguaçu não possa ser usufruído pelas gerações futuras.
Texto: Dom Walter Jorge
Bispo Diocesano
Diocese de União da Vitória – PR
Imagem da Capa: Site Wikipédia: Foto de Marcos Moreira.
Postagem: Setor de Comunicação
Diocese de União da Vitória – PR
Dom Walter foi nosso amigo. Depois que se aposentou e foi morar próximo da casa de minha sogra (Herta), bairro Sta Rosa, trocamos livros e impressões sobre vários assuntos. Mormente da sua missão no Brasil e da terra natal dele (nasceu na Ilha de Malta). Mas, como eu, gostava muito do belo Rio Iguaçu. Foi um grande homem, ótimo bispo e professor. Um dos grandes intelectuais que adotou U. Vitória/P. União como se fosse seu chão. Como pretendo fazer. Aires Pedro.