O mundo anda muito turbulento, e isto não é uma novidade na História. Os seres humanos sempre tiveram a capacidade de conturbar a história humana, como provam os vários eventos que se já se sucederam, como a ascensão e as quedas de impérios violentos, as revoluções sangrentas, as duas grandes guerras mundiais, entre tantas outras calamidades humanas.
“[…] a humanidade nunca encontrará a paz sem verdadeiras mudanças que venham de dentro de si mesma […]”
A novidade, contudo, está no fato de que, a cada ano que passa, com o desenvolvimento da tecnologia e o crescimento da população mundial, os efeitos dos males que o homem provoca possuem efeitos cada vez mais danosos, não só para a própria humanidade, mas, agora também, para o planeta e todo o tipo de vida presente nele. Temos, cada vez mais a capacidade não só de destruir a vida humana de forma total, como de causar impactos extremamente prejudiciais ao nosso mundo, como já revelam dados inquestionáveis, como a extinção (ou quase extinção) de inúmeras espécies animais e vegetais, a diminuição acelerada das florestas no mundo e o derretimento das geleiras ao redor do planeta, entre outros.
Também os povos, mais uma vez, andam muito agitados, obrigando todos nós a contemplarmos, depois das cenas ainda não superadas de imigrantes morrendo afogados no mar, em busca de uma terra que os pudesse acolher, longe das guerras e da fome em seus países, agora, cenas chocantes de milhares de afegãos tentando fugir de seu país, novamente tomado por forças que pretendem governar à base do mais violento terror; comtemplar também regimes autoritários se estabelecendo em vários países como Venezuela, Turquia, Hungria, Nicarágua, ou a volta da guerra fria, envolvendo agora também a China e ainda a polarização sem fim que divide e arruína o nosso querido Brasil.
Refletindo sobre tudo isso, concluo que a humanidade nunca encontrará a paz sem verdadeiras mudanças que venham de dentro de si mesma, de dentro de cada um dos habitantes deste nosso lindo planeta Terra. Para mim, é visível que o conflito está enraizado dentro do homem e da mulher, como ensinou Jesus Cristo, “pois é de dentro do coração humano que brotam que procedem aos maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os furtos, os homicídios, os adultérios, as ambições desmedidas, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a difamação, a arrogância e a insensatez. (Mc 7,21-22). Por isso, tenho a plena convicção de que,…
…enquanto não nos convertermos verdadeiramente ao bem, ao amor, à generosidade, à verdade, à justiça e misericórdia, não haverá a necessária fraternidade entre os homens, única via possível para um mundo harmonioso, onde a paz tão desejada possa fazer morada.
É bem verdade que muitas pessoas de boa vontade têm buscado, ao longo da história, contribuir com tudo o que conseguem fazer para a implantação desta paz, mas, o que percebemos é que não basta boa vontade sem uma sincera conversão, pois logo o bem que muitos desejaram abandona os seus próprios corações, dando lugar a desejos impuros por riquezas sem fim, poder e prestígio, salvo raras exceções. Como dizia alguém que a pouco ouvi, isto se deve porque a vaidade consegue tomar conta do coração de muitos, que passam a se achar melhores do que são, desfazendo as boas ações que praticaram, acabando por mudar a história de suas vidas em tristes biografias.
Como cristão, estou convencido de que, enquanto não aceitarmos de verdade o convite de Jesus Cristo a ir à Ele e aprender dele a humildade e a mansidão de coração, sem segundas intenções diante de Deus e não só dos homens, continuaremos insistindo em ideologias, que por mais diferentes que possam ser, acabarão produzindo as mesmas coisas: roubos, mentiras, governos autoritários, empobrecimento da população, violência, e todo tipo de injustiças que afetam sobretudo os mais pobres.
Não são regimes políticos ou planos econômicos propostos pelo homem que mudarão o mundo, mas a busca sincera da verdade; verdade que ele, sozinho, não é capaz de encontrar, por mais que seja inteligente e filosofe a respeito. Só em Deus, e para os cristãos, só por meio de Jesus Cristo, seremos capazes de conhecer a verdade que liberta o homem. E isso, insisto, só se dará aprendendo a imitar o seu modo de vida, o seu jeito de se relacionar com o Pai e com os homens, de viver a justiça e o respeito para com toda a obra da criação.
Por, Dom Walter Jorge
Bispo Diocesano
Diocese de União da Vitória -PR