Mesmo que estamos vivendo uma época na qual a secularização e a desconstrução do sentido original do Natal estejam cada vez mais evidentes, estamos em um tempo forte: o tempo do Advento e do Natal Os verdadeiros cristãos não se deixam levar pelo consumismo desenfreado, nem pelas ideias egoístas e odiosas que excluem do convívio social os que são diferentes, os que vêm de outros lugares, de outros ambientes e de outras situações. Eles se voltam para um Menino que nos foi dado; um recém-nascido que será chamado “Príncipe da Paz”. Tudo lembra ao cristão, nesta época, a vinda do Filho de Deus que veio fixar sua morada entre os homens para sempre.
Se no mundo se exalta o dinheiro, o poder e o prazer, na figura deste Menino, na sua família e nos que estão ao seu redor os valores são outros. Os ricos, os poderosos e os privilegiados passarão longe deste Menino, mas os pequenos, os simples e os amantes da verdade, como os pastores e os magos do Oriente, encontrarão na simplicidade de uma manjedoura o verdadeiro Príncipe da Paz. O sinal da estrela, também hoje, passa despercebido para a grande maioria das pessoas, a começar pelos altos dignitários da sociedade. Entretidos nas próprias compreensões e convicções, eles perdem a oportunidade de encontrar e testemunhar a paz que vem de Deus.
Vivemos tempos de desilusão, de referenciais perdidos e da falta de sonhos. São épocas sombrias em que o outro, o diferente, representa ameaça e perigo. Os que deveriam ajudar o povo a sair desta situação estão envoltos com seus próprios interesses. Mas, o verdadeiro cristão vai além de tudo isso. Não fica chorando os insucessos que teve durante o ano que passou. Volta-se para a simplicidade da Família de Nazaré, para os pastores de Belém e para a procura incessante dos magos pela verdade. Ocupa-se com o que é realmente essencial: a vida que Deus veio compartilhar com a humanidade, começando com os mais pobres, os mais pequenos de todos, com aqueles com os quais ninguém se importa. O cristão sabe ver em cada Natal uma nova ocasião para reavivar o seu entusiasmo pelo Reino de Deus. Reino que não é deste mundo, mas que está neste mundo. Reino da justiça, da fraternidade e do amor; onde a justiça e a paz se abraçarão, e os bem-aventurados serão aqueles que têm fome e sede de justiça.
Para que isso de fato aconteça é preciso que o busquemos no Príncipe da Paz, no Menino que nos foi dado; não nos sábios e nos ricos; não nas armas e na violência; não na exclusão e no ódio; não no esplendor e no show midiático e ilusório, mas nos sinais que Deus constantemente nos envia, isto é, no faminto, no doente, no injustiçado, no pecador, e de tantos outros que estão conosco todos os dias implorando nossa compreensão e nossa solidariedade. Só com muita sabedoria e atenção estes sinais podem ser percebidos. Estejamos atentos.
Muito obrigado a todos os que durante o ano que ora está se findando estiveram unidos a nós, diocese de União da Vitória, chorando, rindo, rezando e apoiando esta Igreja particular. Que o Menino Deus abençoe a todos.
Feliz e Santo natal a todos!
Pe. Mário Fernando Glaab