Uma preocupação tomou conta dos fiéis da Diocese de União da Vitória em dezembro do ano passado. Estando desde o início de novembro fazendo alguns exames, Dom Agenor Girardi, bispo diocesano precisou ficar internado por períodos mais constantes. A preocupação veio já na reunião do Clero de outubro, quando Dom Agenor anunciou que precisava se afastar por um período das atividades da diocese, para melhor tratar de sua saúde, tendo inclusive passado mal em algumas celebrações de crismas que realizou, assim explicava o bispo aos padres e diáconos.
As celebrações de Natal, Ano Novo e até mesmo seu aniversário, em 02 de fevereiro, foram passadas no leito do hospital, fazendo exames e tomando medicamentos para combater uma grande infecção que veio aos poucos tomando conta de seus órgãos.
Característica de sua personalidade, mesmo sentindo dores e vivendo um calvário em sua saúde, Dom Agenor sempre manteve a serenidade, expressando sorriso e alegria com quem o visitava. “O fraco era forte. Com as poucas forças que ainda tinha, falava de orar e se entregar nas mãos de Nossa Senhora”, declarou Dom José Antônio Peruzzo, arcebispo de Curitiba, relembrando sua visita a Dom Agenor no hospital.
Aos que acompanhavam a rotina entre sua residência e o hospital, uma mistura de preocupação e esperança tomava conta. No início do mês de fevereiro, a Diocese conclamava todos os fiéis a intensificarem suas orações vendo que as notícias que chegavam não eram tranquilizadoras.
Ao lado dos familiares, e alguns membros do Clero da Diocese, os últimos dias de Dom Agenor se deram na cama do quarto 110 do Hospital São Brás, de Porto União – SC. Às 22h39, do dia 08 de fevereiro, seis dias após completar 66 anos de idade, Dom Agenor Girardi faleceu, realizou sua Páscoa definitiva, como expressou Dom Peruzzo, no momento em que o caixão descia à sepultura, na capela lateral da Igreja Catedral, de União da Vitória. “Para nós que cremos, não é um término. Fez sua Páscoa Dom Agenor. Se não temos palavras resta-nos dizer ‘Seja feita a Vossa Vontade’, expressava o arcebispo convidando todos à Oração do ‘Pai-Nosso’.
Desde às 7h da manhã de sexta-feira, 09 de fevereiro, quando seu corpo começou a ser velado na Catedral, pessoas de toda a diocese e de diversas cidades, conhecidos de Dom Agenor, passavam pela igreja para olhar seu semblante pela última vez, ainda que um pouco desfigurado pela doença. Quase que de hora em hora uma missa ou devoção era realizada, e com o coração apertado de tristeza, tentando acomodar a saudade no coração, alguns fiéis externavam na oração e nas conversas, o luto que vivenciavam.
“Aperta o peito e dá uma profunda tristeza se despedir assim de um homem que expressava tanta bondade. Quando ele ia em meu estabelecimento, ainda naquela agitação do nosso trabalho, a presença dele trazia um ar diferente no local”, testemunhava a gerente de um estabelecimento de serviços de internet.
Transmitida pelo rádio e pela internet, a missa de exéquias, realizada às 9h, na Catedral de União da Vitória, contou com a presença de dezenas de bispos, vindos de Porto Alegre (RS), onde Dom Agenor trabalhou; de Osasco (SP), onde está Dom João Bosco que antecedeu o governo da Diocese antes de Dom Agenor; o primeiro bispo de União da Vitória, Dom Walter Michael Ebejer, 88, hoje emérito, e outros bispos do Paraná e Santa Catarina.
Na homilia, Dom Peruzzo comentou o capítulo 15 do Evangelho de São João, onde Jesus diz: ‘Ninguém tem maior amor do que aquele que dá sua vida por seus amigos’. “Dom Agenor viveu sua vida no serviço ao Reino, à Igreja, e expressou por esse serviço muito amor; amor pelas pessoas”, disse o arcebispo.
Conduzindo os cantos da celebração e acompanhando a celebração no coro da igreja, alguns jovens vestidos de camiseta amarela com escritas em azul enxugavam as lágrimas pela morte do bispo que deu o impulso ao Movimento chamada Jornada Jovem, ou JJ, como chamam. Fábio Girardi, um dos coordenadores da JJ, em Francisco Beltrão – PR, e sobrinho de Dom Agenor, que assistiu a morte do tio no hospital foi um dos que carregaram o caixão, conduzido da nave da igreja até a sepultura, junto com outro jovem da JJ e membros do clero.
A morte de Dom Agenor gerou comoção em todos os lugares por onde ele passou. A prefeitura de União da Vitória decretou luto de três dias, e mensagens nas redes sociais se multiplicaram em compartilhamentos, curtidas e comentários. Com apenas dois anos e oito meses na diocese, Dom Agenor passou, mas deixou a marca da bondade, do carisma no trato com as pessoas, como Dom João Bosco mesmo testemunhou em entrevista à Rádio Educadora. “A passagem de Dom Agenor vai deixar uma marca grande na história da Diocese, pelo seu testemunho, seu jeito manso e bondoso de ser”, expressou o ex-bispo de União da Vitória.
Assim, de forma simples Dom Agenor assumiu a Diocese de União da Vitória em 12 de junho de 2015, e de modo sereno também partiu, no dia 8 de fevereiro de 2018. A decida do caixão na cripta da Catedral foi acompanhada de um toque fúnebre de trompete por um soldado militar, mas a lembrança do sorriso e da bondade do bispo, Missionário do Sagrado Coração, ecoará mais alto na lembrança de cada fiel, desde os centros das cidades até a mais longe comunidade de interior da Diocese de União da Vitória onde Dom Agenor visitou.
A Diocese de União da Vitória roga à Deus pelo descanso eterno daquele que foi seu terceiro bispo, e confia à Providência Divina a chegada futura daquele que será o seu novo pastor.
Texto: Marcelo S. de Lara
Setor de Comunicação
Diocese de União da Vitória
Fotos: Marcos Aurélio Iasinski – Fotografias
União da Vitória – PR