Por, Paulo Eduardo de Oliveira. paulo.eduardo.oliveira@hotmail.com
A Exortação Familiaris Consortio, de São João Paulo II, nos ajuda a refletir e a compreender as luzes e as sombras que recaem sobre as famílias, em nosso contexto histórico e cultural.
“Não raramente ao homem e à mulher de hoje, em sincera e profunda procura de uma resposta aos graves e diários problemas da sua vida matrimonial e familiar, são oferecidas visões e propostas mesmo sedutoras, mas que comprometem em medida diversa a verdade e a dignidade da pessoa humana. É uma oferta frequentemente sustentada pela potente e capilar organização dos meios de comunicação social, que põem subtilmente em perigo a liberdade e a capacidade de julgar com objetividade” (Exortação Familiaris Consortio, n. 4).
De fato, os meios de comunicação, na escalada do projeto de destruição das famílias, mais iludem do que orientam! Veja-se, por exemplo, toda a campanha sutil que as novelas vêm fazendo para mostrar que a homossexualidade e a mudança de gênero são “coisas normais” e que as pessoas têm todo o direito de escolher estes caminhos. Não sem razão, muitos chegam mesmo a dizer que as novelas envenenam as famílias.
Qual é a situação da família, no contexto dos nossos dias? São João Paulo II assim resume esta situação: “A situação em que se encontra a família apresenta aspectos positivos e aspectos negativos:
sinal, naqueles, da salvação de Cristo operante no mundo; sinal, nestes, da recusa que o homem faz ao amor de Deus” (Exortação Familiaris Consortio, n. 6). Em suma, as luzes que brilham sobre a família são sinal da presença e da ação de Cristo no coração da estrutura familiar; por outro lado, as sombras são resultado da ação do pecado, que procura cada vez mais lançar joio onde Deus semeou boas sementes.
Entre os sinais da presença de Cristo nas famílias, São João Paulo II assinala estes: “existe uma consciência mais viva da liberdade pessoal e uma maior atenção à qualidade das relações interpessoais no matrimônio, à promoção da dignidade da mulher, à procriação responsável, à educação dos filhos; há, além disso, a consciência da necessidade de que se desenvolvam relações entre as famílias por uma ajuda recíproca espiritual e material, a descoberta de novo da missão eclesial própria da família e da sua responsabilidade na construção de uma sociedade mais justa” (Exortação Familiaris Consortio, n. 6).
Mas, como sinal da presença do mal e do pecado na vida das famílias, São João Paulo II assinalou os seguintes aspectos:
“uma errada concepção teórica e prática da independência dos cônjuges entre si; as graves ambiguidades acerca da relação de autoridade entre pais e filhos; as dificuldades concretas, que a família muitas vezes experimenta na transmissão dos valores; o número crescente dos divórcios; a praga do aborto; o recurso cada vez mais frequente à esterilização; a instauração de uma verdadeira e própria mentalidade contraceptiva” (Exortação Familiaris Consortio, n. 6).
Em síntese, o Papa João Paulo II apresenta a situação histórica em que vive a família como “um conjunto de luzes e sombras. Isto revela que a história não é simplesmente um progresso necessário para o melhor, mas antes um acontecimento de liberdade, e ainda um combate entre liberdades que se opõem entre si; segundo a conhecida expressão de Santo Agostinho, um conflito entre dois amores: o amor de Deus impelido até ao desprezo de si, e o amor de si impelido até ao desprezo de Deus” (Exortação Familiaris Consortio, n. 6).
Como cristãos católicos, precisamos reafirmar nosso compromisso com a verdade sobre a família. São muitas as tentativas, por parte do mundo, de criar ilusões sobre a família, desviando as pessoas do caminho da verdade que nos liberta (Jo 8,32). Iluminados pela luz do Evangelho e pelo ensinamento da Igreja, precisamos ser autênticos profetas das famílias.