Dirigido apenas por duas religiosas, Associação que atende mulheres em União da Vitória, necessita constantemente de ajuda.
Com suas atividades iniciadas em 10 de janeiro de 2005, a Associação Casa de Apoio Santa Clara (ACASC), superando à cada dia inúmeras dificuldades, realiza um trabalho admirável no cuidado de mulheres com sofrimento psíquico. O Abrigo que fica no Bairro São Sebastião, em União da Vitória, próximo ao Clube de Campo, é coordenado por duas religiosas da Congregação ‘Franciscanas Servas Missionárias da Restauração Divina’, e atualmente acolhe 14 mulheres, entre elas, algumas com esquizofrenia, Depressão, Bipolaridade e Demência.
O terreno, bem arborizado, foi um espaço doado pelo casal Horst Waldraf e Úrsula Waldraf, por intermédio da benfeitora Maria Rodrigues Belaver, a qual fez a ponte entre as religiosas e o casal. Atualmente, com caminhos feitos de calçadas, alguns conduzindo a um local de devoção, outros a espaços com bancos e mesas de madeira, o ambiente favorece saúde para aquelas mulheres que necessitam de um ambiente de paz. “Apenas o terreno íngreme dificulta um pouco a locomoção para as mulheres mais idosas, mas procuramos garantir ao máximo que o espaço seja o mais tranquilo possível, ressalta Irmã Reginalva Alves Pereira, que administra a Associação.
Dedicadas no que fazem e felizes por viverem o carisma que escolheram, as irmãs relatam o quanto é cuidadoso o trabalho. “Essas pessoas precisam de atenção constante, seja quanto a medicamentos, acompanhamento médico psicológico e psiquiátrico, ocupação com atividades e a cuidados básicos. Damos graças à Deus por termos alguns voluntários que nos ajudam em diversos serviços, sozinhas não conseguiríamos nunca”, relata uma das irmãs.
Desde as primeiras mulheres que foram chegando com sofrimento psíquico, as irmãs foram sentindo as grandes necessidades e desafios que o trabalho os aguardava. Lamentando a grande dificuldade financeira para manter o cuidado e dar melhor qualidade nos atendimentos, irmã Reginalva relata os desafios que vive no dia a dia. “Sentimos a ausência do poder público municipal em alguns aspectos como: a diminuição no repasse de recursos financeiros, a falta de medicamentos na saúde, e a indiferença dos municípios vizinhos quanto ao acompanhamento dos seus pacientes aqui conosco. Não bastasse essa falta de colaboração, ainda enfrentamos questões burocráticas e exigências de leis que acabam pressionando Instituições como a nossa”, desabafa Reginalva.
O Abrigo que atualmente se mantém com o auxílio doença (BPC) das internas, com a realização de bazares e venda de doces e salgados em alguns eventos, busca ver com os familiares uma contribuição maior para com o Abrigo. “Como somos em duas religiosas aqui, precisamos pagar funcionários para cuidar também. Temos 3 funcionários hoje e recebemos ajuda em prestação de serviço de alguns voluntários. Há Instituições por aí que relatam o custo de três mil e pouco reais por paciente, se não mais. Nós não conseguimos dar esse suporte”, comenta a irmã.
No espaço ao lado do escritório onde fica irmã Reginalva, uma movimentação alegre vai acontecendo. Chegada seis horas da tarde, próximo à cozinha, Irmã Raimunda Ribeiro Silva, natural do Estado do Maranhão, vai servindo o jantar às internas. Algumas se mantém em total silêncio, outras fixam os olhos na TV, que transmite a novela, outras ainda, conversam entre si.
Entre atividades de estudo, dadas por professoras do Estado através do CEEBJA, conversa com estagiárias de psicologia do Centro Judiciário de Solução de conflitos e Cidadania da Comarca de União da Vitória (CEJUSC), as internas recebem também momentos de espiritualidade. Além das celebrações das Missas, entre elas mesmas acontece um momento de devoção Mariana. Segundo uma das religiosas, além do cuidado com o psicológico quanto a medicamentos, esses espaços de oração ajudam muito na recuperação. “São momentos que geram paz, favorecem há um equilíbrio psíquico, e isso ajuda a elas viverem mais tranquilas”, testemunha irmã Reginalva.
Entre as 14 internas que são acompanhadas no Abrigo, metade são de União da Vitória e metade são de cidades vizinhas. O Abrigo que acolhe mulheres na faixa etária entre 21 e 60 anos, poupa a entrada de um número mais elevado para melhor atender às necessidades. “Nosso espaço até comportaria mais algumas pessoas, mas precisamos priorizar a qualidade. Mais pessoas exigiria mas recursos, e nem todos os municípios e famílias colaboram o suficiente para mantermos um trabalhos mais aprimorado”, destaca a religiosa. “As mulheres que vão passando dos sessenta anos vamos encaminhando novamente aos familiares, pois o cuidado com pessoas de mais idade exige uma atenção maior ainda”, completa.
Além do trabalho social realizado, as irmãs comentam que precisam cultivar o aspecto da vida religiosa que levam, mas sente-se tomadas pela atividade com a Associação. “Temos uma casa à parte aqui que é nosso Convento, mas o tempo que temos para fazer algum trabalho de propaganda vocacional são poucas vezes no ano e com isso sentimos carência de vocações, relata. “É verdade também que para fazer um trabalho como este que fazemos nem toda pessoa tem o carisma, mas nos preocupamos com isso também”, ressalta a irmã.
A vinda das Irmãs Franciscana na Diocese de União da Vitória se deu no ano de 2003. Por intermédio do Frei Pedrinho, falecido em julho de 2016, o qual já havida começado um trabalho assistencial para homens em União da Vitória, as Irmãs vieram de Osasco – SP. Com o grande apoio de Dom Walter Michael Ebejer, bispo diocesano na época, os primeiro trabalhos das irmãs se deram no cuidado de um asilo e de uma creche, na cidade de Porto Vitória, além de acompanharem algumas meninas vocacionadas.
O atual Abrigo Santa Clara hoje, ainda que com certas carências, se mantém, mas segundo as irmãs se mais ajuda viesse, a qualidade no tratamento das internas poderia ser melhorada. “Desde produtos como papel higiênico e de limpeza que muito usamos aqui, as vezes nos apuramos, quanto mais, investirmos em profissionais e outros recursos. Mas confiamos na Providência Divina. Colocamos nas mãos de Deus essa obra”, expressa confiante irmã Raimunda.
SERVIÇO:
Associação Casa de Apoio Santa Clara (ACASC) – Abrigo Santa Clara
Rua Horácio Ribeiro, 1400 – Bairro São Sebastião – União da Vitória.
Fone: (42) 3524 7719; (42) 99446718
Conta para Depósito:
Banco Itaú
Ag.:3861
c/c:22703-5
Associação Casa de Apoio Santa Clara
Texto e Fotos: Pe. Marcelo S. de Lara
Assessor da Pascom