Movidos pela grande devoção à Nossa Senhora, no dia 10 de setembro romeiros de diversas paróquias da Diocese se dirigiram ao Santuário Diocesano Nossa Senhora do Rosário, em Rio Claro do Sul, distrito de Mallet, para viver um momento de fé voltado à Maria, mãe de Jesus.

Com início às 12h pela Récita e Meditação dos Mistérios do Terço, os devotos que iam chegando acompanhavam no interior do Santuário e pelo som do alto-falante da igreja a oração do Rosário.
Na própria celebração da missa, em sua homilia, Dom Agenor, bispo diocesano, destacou a importância deste instrumento de devoção. “Quantos de nós aqui carregamos o Terço no bolso, rezamos nas viagens, em casa com a família ou sozinho. É nossa arma do bem, da vida. Na aparição de Nossa Senhora, em Fátima, Maria pediu às três crianças que rezassem o Terço todos os dias, pela paz no mundo e o fim da Guerra”, falou o bispo.
Celebrada dentro do Santuário, a missa presidida por Dom Agenor teve início às 15h e contou com a presença de aproximadamente 300 pessoas entre fiéis leigos, religiosas, seminaristas e sacerdotes.

A Romaria foi também a oportunidade de apresentar aos fiéis o presente ganhado pelo Santuário, que foi a relíquia de São João Paulo II. Rio Claro do Sul é uma comunidade de expressiva tradição polonesa, que cultiva a cultura, a língua, a culinária e a fé do povo polaco, por isso tão grande devoção ao santo polonês, (Karol Wojtyla) papa João Paulo II, morto em 2005 e declarado santo em 27 de abril de 2014.
Exposto em um relicário, o objeto para veneração presenteado ao Santuário, consiste em uma gota de sangue de São João Paulo II impressa no tecido de sua túnica quando sofreu o atentado a tiro em 13 de maio de 1981.

A relíquia chegou ao Santuário trazida pelo padre Kazimierz Miroslaw Dlugosz, Provincial da Congregação Sociedade de Cristo para Emigrantes Poloneses no Brasil (schr), da qual padre Anderson Spegiorin, reitor do Santuário faz parte. “No ano passado nosso Superior Geral da Congregação fez uma visita pastoral aqui em Rio Claro e durante a Santa Missa o padre Anderson pediu ao Superior se ele conseguiria alguma relíquia de São João Paulo II para o Santuário, e em maio deste ano eu fui para a Polônia no encontro anual dos Provinciais, e o Superior me entregou para eu trazê-la então para o Brasil”, explicou padre Kazimierz.
As relíquias na Igreja Católica são tidas em três graus: A Relíquia de 1º Grau é a parte do corpo de algum santo, mais tradicionalmente um pedaço de osso, tecido ou gota de sangue. As Relíquias de 2º Grau são tecidos da vestimenta que o santo usava: roupa, túnica. As Relíquias de 3º Grau são dos lugares onde o santo passou ou morou. “Aqui em Rio Claro temos então a Relíquia de 1º Grau, pois temos o sangue. Em Curitiba por exemplo, no Bosque João Paulo II tem uma casa antiga de um colono polonês do interior do Paraná. Esta casa havia sido colocada em um campo de futebol onde a comunidade polonesa recebeu João Paulo II na sua primeira visita no Brasil. Esta casa foi depois desmontada e montada neste Bosque que é um memorial polonês”, exemplifica o Provincial.

As relíquias são uma tradição da Igreja desde a igreja primitiva, quando os cristão também rezavam missas em cima de túmulos de santos. Em muitas igrejas há relíquias de santos fixadas nos próprios altares. Foi contundo na Idade Média que esta devoção às relíquias se tornou mais popular. Naquela época o povo muito devoto sempre via na vida do santo um exemplo a ser seguido.
Desta forma, padre Kazimierz explica a importância de uma relíquia em uma paróquia. “Na Europa é tradicional quando nasce uma criança por nela o nome de um santo, pois assim ela teria um protetor e um modelo de vida, o que precisamos sempre. Então, as relíquias servem como esta proteção do santo e como exemplo de vida como foi João Paulo II”, comenta.

Sendo Rio Claro do Sul uma colônia expressivamente polonesa, a relíquia de João Paulo II ajudará também na valorização da própria cultura, sendo João Paulo um santo polonês. “Com o decreto de Getúlio Vargas em 1938 proibindo o uso da língua estrangeira no Brasil, nosso povo ficou um pouco inibido em suas tradições. Com a eleição de Karol Wojtyla a papa, isso foi um ânimo para o povo polaco pois o ajudou a redescobrir o valor de sua cultura”, acredita o Provincial.

A expressão de fé dos romeiros não ficou só na missa, mas logo após, todos se dirigiram em procissão intercalando cantos e orações até a pequena gruta de Nossa Senhora de Loudes. Na chegada foi dada a bênção aos fiéis com o Santíssimo Sacramento e feito um gesto que marcou cada romeiro. Vindos em fila, eram tocados com o relicário na fronte. “É um momento emocionante, ajuda a fortalecer a nossa fé. Estou cansada pelo sol quente e a subida da gruta, mas esse esforço faz parte para quem tem fé”, declara uma das romeiras da Colônia Cândido de Abreu, da cidade de Paulo Frontin.
Motivando o povo para as próximas romarias, Dom Agenor destacou que o importante não está na quantidade de pessoas que venham, mas é importante manter a expressão de fé. “A Romaria não pode ser abandonada, não podemos ficar presos à ideia de uma grande multidão. Quem vem, vem. É um gesto importante para o povo”, afirmou o bispo.

A próxima Romaria foi cogitada para o segundo semestre de 2018, com data a ser marcada em novembro deste ano.
Texto e fotos: Pe. Marcelo S. de Lara
Assessor da Pascom
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Muita devoção a São João Paulo II